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ARTIGOS DE JONAS SERAFIM

Madriarcas da Bíblia

                                        Jonas Serafim

No começo dos textos bíblicos algumas histórias foram escritas procurando apresentar a genealogia dos primeiros povos, bem como a herança de uma benção divina e uma promessa por uma terra com justiça e paz.
A origem de um povo contada na Bíblia remonta à história da humanidade. Nesta narração surgiram as personagens que se destacaram numa missão que conduziram um projeto de vida. Foi neste sentido que o autor do Gênesis se inspirou no contexto de sua realidade para entender o sentido da Criação. Daí a compreensão de que somos imagem e semelhança do Criador.
A Bíblia conta que "a mulher de Abrão chama-se SARAI. Era estéril e não tinha filhos" (Gn 11,29s). "Abrão levou consigo sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que possuíam e os escravos que haviam adquiridos em Harã. Partiram para a terra de Canaã e aí chegaram (Gn 12,5).
Percebemos que o texto é claro em dizer quem levou a família foi o patriarca Abrão e que sua mulher Sarai era estéril. O que isto quer dizer? Parece ser só um detalhe, mas no decorrer da história irá fazer muita diferença.
Vejamos a cena de Sarai que se passa como irmã de Abrão no Egito. De fato ela era meia-irmã por parte de pai (Gn 20,12) e era muito bonita (Gn 12,11.13s). O contexto retrata uma realidade de carestia e fome. Reflete a escravidão no Egito e o êxodo, a saída para a libertação. O silencia de Sarai condiz com a mudez feminina no mundo patriarcal, simbolizando o povo oprimido em busca de justiça (Gn 20,1-18).
Sarai propôs que sua serva AGAR tivesse um filho com Abrão por causa de sua esterilidade (Gn 16,1s). A lei permitia este acordo e no caso de Abrão e Sarai era um meio de realizar a promessa de um projeto divino. Mas o projeto de Deus não vigora com Abrão e a escrava egípcia. É com Sarai que acontece o nascimento do filho primogênito de Abrão reconhecido na promessa de Deus na história humana. A partir deste evento Sarai passa a se chamar SARA e Abrão, Abraão. É aqui que acontece a bênção de Deus que diz: "Eu a abençoarei, e dela darei um filho a você, e eu o abençoarei. Dela nascerá nações e reis de povos" (Gn 17,5-16).
Esta é a aliança firmada entre Deus e o seu povo. O povo de Deus nasce de uma relação aberta, franca e enraizada na verdade que inclui todos os povos, pois somos iguais e semelhantes. O texto reflete o sentido que devemos ter em realizar esta igualdade na diversidade de povos, através da solidariedade e da partilha.
Diante de uma matriarca estéril, Sara, nasceu o filho Isaac (Gn 21,1-8). Aonde parecia impossível, foi realizada uma promessa com uma bênção e uma herança.
Mais adiante, CETURA, concubina de Abraão, a história continua com a descendência dos povos da Arábia (Gn 25,1-6).
Quanto à egípcia, outra matriarca ao lado de Abraão, que diante de tantos desafios familiares, deu à luz a Ismael, e assim, participou da promessa de uma descendência que não poderia contar (Gn 16,10s). Agar foi abençoada por meio do seu filho, porque Deus vê e ouve a aflição dos necessitados. Agar era uma mulher de visão quando ora a Deus, dizendo: "Aquele-que-me-vê" (Gn 16,13). Deus é Aquele que ouve o grito e o silêncio de todos que buscam a libertação e a salvação.
REBECA, filha de Batuel, deu de beber a Isaac e aos seus camelos. Tornou-se esposa-matriarca de Isaac (Gn 24,15-20.50-67). Foi mãe de Esaú e Jacó (Gn 25,19-27). Intercedeu na bênção para Jacó (Gn 27,11+). E assim a história continua com a promessa de uma descendência.
RAQUEL era uma pastora, filha de Labão, irmão de Rebeca, tio e sogro de Jacó (Gn 29,5-14). LIA era a irmã mais velha de Raquel e por isto se casou primeiro com Jacó. Labão deu sua serva ZELFA como serva para sua filha Lia (Gn 29,15-35). Houve esperteza de Labão em fazer o casamento da filha mais velha. Raquel se tornou esposa de Jacó e BALA era a sua serva. Lia não era amada e Raquel era estéril. Raquel aproxima sua serva Bala a Jacó para gerar filhos. Lia deu Zelfa, sua serva, como esposa para Jacó e gerou filhos. Lia e Raquel geraram filhos e desta geração surgiram as doze tribos de Israel (Gn 30,1-24: 35,23-26: 49,1-28).
O texto contextualiza o drama entre as famílias e a rivalidade entre as mães. É nesta realidade que se inspirou o autor para tratar do plano de Deus e de seu povo. É na história humana que Deus se manifesta, que o povo se organiza e se defende, e que a terra criada deve ser cuidada, como a primeira matriarca de todos nós.
Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/

Revolução com espiritualidade
na libertação do Povo Hebreu

                                         Jonas Serafim

A libertação do povo hebreu que viveu sob a opressão do Faraó no Egito (Ex 1,11-14) remonta uma caminhada ao longo da história que nos convida a retomar em nosso contexto uma atitude contra a opressão do capitalismo.
Muitas comunidades, associações e sindicatos se encontram numa resistência semelhante às parteiras que foram obrigadas a matar os meninos hebreus que nascessem para evitar o aumento de um contingente israelita a ponte de confrontar o Faraó. Na verdade, as parteiras resistiram e desobedeceram a ordem do Faraó (Ex 1,15-22). Às vezes, isto não acontece em muitas organizações populares. O poder de um governo manda e desmanda sobre uma sociedade inteira e o que fica é o resultado de uma opressão.
Moisés foi um líder revolucionário que se sustentou na espiritualidade. Hoje é preciso compreender que espiritualidade retome o caráter revolucionário. Moisés saiu de si para o encontro do outro, viu o sentido da irmandade no meio do sofrimento, viu que ninguém fazia nada contra a opressão e reagiu em favor da libertação (Ex 2,11-15). Esta vivência radical de Moisés aconteceu ao lado da espiritualidade quando lemos a realidade percebendo os gemidos que Deus ouviu no clamor dos oprimidos, viu a miséria do seu povo, conheceu a realidade miserável e de angústia, desceu para ficar ao lado dos mais necessitados a fim de libertá-los e fazer subir para uma terra livre e digna de se viver (EX 3,7-10). Foi neste contexto que Moisés se sentiu chamado e enviado para sair de si e ir ao encontro do seu povo que precisava de uma vida livre e fraterna.
Alguns sinais são percebidos quando é chegado à hora da defesa ou ataque. Em nossa sociedade contemporânea o modo de produção capitalista não para de atacar e de se defender. Quanto às comunidades populares é preciso estar bem organizadas para reagirem contra um sistema extremamente desumano. A corrupção, o suborno e o individualismo têm levado alguns pseudos-líderes da base do povo para um patamar mais elevado da sociedade e terminam massacrando o povo de onde tirou proveito para almejar seus próprios interesses e não ao bem-comum da comunidade. Moisés, Aarão, Josué e Calebe souberam compreender os sinais do seu tempo, mas o Faraó não (Ex 7 - 11; Nm 13).
O confronto com o poder opressor começa com um processo de negociação. Quando não existe mais diálogo para negociar a realidade muda e a situação exige unidade. Se houver unidade permanente haverá vitória. É um trabalho de formiga, exige paciência e vigor. Os israelitas passaram 430 anos sob o domínio egípcio (Ex 12,37-42). No decorrer do tempo aprenderam a lutar para viver dignamente e em comunidade. Organizaram lideranças combatendo a centralização do poder (Ex 18,13-27).
A caminhada de libertação passa pela aprendizagem do deserto dos sofrimentos com o outro, e é o que conduz para uma aliança fraterna. Aqui jaz nossa mensagem e manifesto.
Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
JONAS SERAFIM DE SOUSA . É professor de Ensino religioso, licenciado em Ciências da Religião, com especialização em Pesquisa e Ensino do Fenômeno Religioso Formado pelo ICRE (Atual Faculdade Católica de Fortaleza).Participa d Comunidade Eclesial de Base (Granja Lisboa-Fortaleza) e da Escola Bíblica Samaritana(CEBI). Blog e contato