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Reinterpretando os sonhos de José

Descortinar a metáfora de José do Egito implica, antes, o rompimento de uma ótica ingênua impregnada em nossas cabeças por uma formação domesticadora. Portanto, a hermenêutica aqui desenvolvida parte de uma reflexão crítica, propondo furar o véu das palavras e apresentar a relação dominado/dominador implícita nos sonhos de José.

Não nos interessa saber se José era bom ou mal, vítima ou culpado, mas sim apresentar a mensagem escondida atrás de uma história doce e bem elabora capaz de nós encher de emoções. Contudo, deter-me-ei nos sonhos do protagonista trazendo uma reflexão conforme o chão que hoje pisamos.

Os sonhos que o capitalismo nos oferece são os sonhos do progresso, onde o pobre poderá ser rico. Sabemos que esta não é a verdade, porque há um concentração de renda nas mãos de quem quer cada vez mais.

Encontramos a História em Gênesis do capitulo 37 ao 50. Ela faz uma ponte do Livro de Gênesis com Êxodo. José apresenta-se como filho mais quisto pelo seu pai Jacó. Os irmãos o venderam não por ser o mais querido pelo pai, e sim pelo sonho que teve. A primeira ideia quer mostrar é a lógica do poder-dominação. Bem questiona Valmor, mestre em exegese bíblica "Quando José sonha que os feixes de seus irmãos estão se inclinando para o dele(Gn37,5-11), não está querendo ser rei e dominá-los? E quando os irmão planejam matá-lo, não estão dizendo que as tribos rejeitam radicalmente o sistema monárquico?". A experiência de opressão imposta pelos reis não era nada agradável.

Os dois próximos sonhos que José tem no decorrer do seu caminho mostra os abusos dos mantenedores do poder dominação. O rei decide quem morre e quem continua a viver, como um deus. Este mesmo faraó é quem engrandece José. Mas é o Deus da vida, o Deus da tenda, do poço, o Deus do caminho que dá a vida e liberta, ele não apenas faz caridade. Ele rejeita radicalmente estes tipos de sonhos.

O sonho do faraó que leva o progresso de José é o do acumulo. Os sete anos de fartura e os sete da penúria tem o engrandecimento do poder faraônico. Pode até parecer que Deus aprova esta estrutura injusta, contenta-se tão somente colocando um caridoso no poder para ajudar os necessitados. A questão vai além... A divisão de bens é o plano do Deus libertador. Para isto é preciso à construção de um modelo de sociedade justa e solidária, contrário à lógica do capitalismo, o qual através neoliberalismo, propaga os sonhos do desenvolvimento econômico através dos esforços individuais e da competitividade. A história mostrou que quem acumula muito, cada vez mais quer acumular, enquanto outros nada têm.

É importante ressaltar que alguns estudiosos bíblicos defendem que a história de José foi escrita no período salomônico a fim de legitimar, ainda mais, o seu poder monárquico diante do povo.

Outro foco é o período contado pela história num contexto onde as cidades-estados oprimiam os camponeses. Vendo deste ponto de vista, não foi a toa que José foi rejeitado pelos irmãos, uma vez que interpretaram querer ele ser o rei. Ainda ressalta Valmor "A transferência de Jacó e de seus filhos para o Egito(Gn 45), talvez representa a passagem das tribos de Israel para o sistema tributário. Que retrocesso". Esta não é a promessa feita as matriarcas e patriarcas. É algo muito maior.



Valmor da Silva. Deus Ouve O clamor do povo - Teologia do Êxodo. Paulinas

Tradução Bíblia Pastoral - Paulus


Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Ernande Arcanjo é estudante de Serviço Social, assessor da Pastoral da Juventude do Ceará, voluntário no Trabalho em defesa da vida e participante de Escola Bíblica Samaritana-CEBI

Reinterpretando os sonhos de José

Descortinar a metáfora de José do Egito implica, antes, o rompimento de uma ótica ingênua impregnada em nossas cabeças por uma formação domesticadora. Portanto, a hermenêutica aqui desenvolvida parte de uma reflexão crítica, propondo furar o véu das palavras e apresentar a relação dominado/dominador implícita nos sonhos de José.

Não nos interessa saber se José era bom ou mal, vítima ou culpado, mas sim apresentar a mensagem escondida atrás de uma história doce e bem elabora capaz de nós encher de emoções. Contudo, deter-me-ei nos sonhos do protagonista trazendo uma reflexão conforme o chão que hoje pisamos.

Os sonhos que o capitalismo nos oferece são os sonhos do progresso, onde o pobre poderá ser rico. Sabemos que esta não é a verdade, porque há um concentração de renda nas mãos de quem quer cada vez mais.

Encontramos a História em Gênesis do capitulo 37 ao 50. Ela faz uma ponte do Livro de Gênesis com Êxodo. José apresenta-se como filho mais quisto pelo seu pai Jacó. Os irmãos o venderam não por ser o mais querido pelo pai, e sim pelo sonho que teve. A primeira ideia quer mostrar é a lógica do poder-dominação. Bem questiona Valmor, mestre em exegese bíblica "Quando José sonha que os feixes de seus irmãos estão se inclinando para o dele(Gn37,5-11), não está querendo ser rei e dominá-los? E quando os irmão planejam matá-lo, não estão dizendo que as tribos rejeitam radicalmente o sistema monárquico?". A experiência de opressão imposta pelos reis não era nada agradável.

Os dois próximos sonhos que José tem no decorrer do seu caminho mostra os abusos dos mantenedores do poder dominação. O rei decide quem morre e quem continua a viver, como um deus. Este mesmo faraó é quem engrandece José. Mas é o Deus da vida, o Deus da tenda, do poço, o Deus do caminho que dá a vida e liberta, ele não apenas faz caridade. Ele rejeita radicalmente estes tipos de sonhos.

O sonho do faraó que leva o progresso de José é o do acumulo. Os sete anos de fartura e os sete da penúria tem o engrandecimento do poder faraônico. Pode até parecer que Deus aprova esta estrutura injusta, contenta-se tão somente colocando um caridoso no poder para ajudar os necessitados. A questão vai além... A divisão de bens é o plano do Deus libertador. Para isto é preciso à construção de um modelo de sociedade justa e solidária, contrário à lógica do capitalismo, o qual através neoliberalismo, propaga os sonhos do desenvolvimento econômico através dos esforços individuais e da competitividade. A história mostrou que quem acumula muito, cada vez mais quer acumular, enquanto outros nada têm.

É importante ressaltar que alguns estudiosos bíblicos defendem que a história de José foi escrita no período salomônico a fim de legitimar, ainda mais, o seu poder monárquico diante do povo.

Outro foco é o período contado pela história num contexto onde as cidades-estados oprimiam os camponeses. Vendo deste ponto de vista, não foi a toa que José foi rejeitado pelos irmãos, uma vez que interpretaram querer ele ser o rei. Ainda ressalta Valmor "A transferência de Jacó e de seus filhos para o Egito(Gn 45), talvez representa a passagem das tribos de Israel para o sistema tributário. Que retrocesso". Esta não é a promessa feita as matriarcas e patriarcas. É algo muito maior.



Valmor da Silva. Deus Ouve O clamor do povo - Teologia do Êxodo. Paulinas

Tradução Bíblia Pastoral - Paulus


Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Ernande Arcanjo é estudante de Serviço Social, assessor da Pastoral da Juventude do Ceará, voluntário no Trabalho em defesa da vida e participante de Escola Bíblica Samaritana-CEBI

PRESERVEM O SER HUMANO

EM UMA DAS PEREGRINAÇÕES QUE FIZ ULTIMAMENTE NOS DIVERSOS HOSPITAIS PÚBLICOS E PARTICULARES DE NOSSA CIDADE, POIS NÃO EXISTEM MUITAS DIFERENÇAS
ENTRE UM E OUTRO , ME VI DIANTE DE UMA ENTRISTECEDORA REALIDADE: A FALTA DE DIGNIDADE COM A QUAL O SER HUMANO É TRATADO.


E CONSEQUENTEMENTE A FALTA DE AMOR ESTAMPADA NO ROSTO DE TODOS, COMO SANGUE QUE JORRA DOS FERIMENTOS E COMO DOENÇAS MIL QUE AFLIGEM A HUMANIDADE.


VI PESSOAS DEITADAS NO CHÃO E BARATAS DESFILANDO AO LADO, VI SERES HUMANOS E SACOS DE LIXO SENTADOS NO MESMO CORREDOR, VI TAMBÉM SANGUE CAINDO SEM PARAR DA FACE DE TANTA GENTE FERIDA E PROFISSIONAIS FRIOS E ATORDOADOS PASSANDO AO LONGE SEM PARAR.


VI PAIS PERDEREM A PACIÊNCIA, E SAÍREM ESMURRANDO TUDO, REVOLTADOS COM A FALTA DE ATENDIMENTO A SEUS FILHOS, VI MUITAS MÃES EM PRANTOS DESESPERADAS SEM SABER O DIAGNÓSTICO PRECISO DE SEUS FILHOS E CONTINUAREM NUMA FILA QUE EU TAMBÉM NÃO SABIA QUANDO IRIA CHEGAR A MINHA VEZ.


VI CHEGAR UMA SENHORA COM SEU COMPANHEIRO QUE DESMAIOU E CAIU NUM CHÃO TÃO SUJO QUE INDIGNAVA, E ESTE SÓ FOI COLOCADO NUMA MACA DEPOIS DE MUITO GRITO DE SUA COMPANHEIRA. E ESSA MULHER COM UM SEMBLANTE E UM CORPO TÃO DESFIGURADOS E TÃO MALTRATADOS, QUE EM ALGUNS MOMENTOS AS NECESSIDADES CONFUNDIAM-SE.


ENTÃO DIANTE DESES FATOS, DIANTE DE MINHA REVOLTA E DE MINHA TRISTEZA FIZ A SEGUINTE REFLEXÃO, AO CHEGAR EM CASA E ASSISTIR NA TV UM ANÚNCIO DE UMA CAMPANHA VEICULADA CONSTANTEMENTE: SALVEM O PLANETA, AS BALEIAS, O MICO LEÃO DOURADO...PRESERVEM A NATUREZA, E FIQUEI PENSANDO EM QUEM REALMENTE PRECISA DE CUIDADOS E DE PRESERVAÇÃO URGENTE: O SER HUMANO.


COMO PODEMOS SALVAR O PLANETA, AS ÁRVORES, OS RIOS, SE O ESSENCIAL ESTÁ DOENTE, ESQUECIDO, MALTRATADO? COMO PODE O PRÓPRIO SER HUMANO VIVER TÃO ALHEIO A SUA PRÓPRIA REALIDADE?


SOMOS TODOS PACIENTES NAS UTI`S DIÁRIAS DE NOSSAS VIDAS SAGRADAS. GENTE QUE PRECISA DE CARINHO, DE ATENÇÃO, DE SIMPLES GESTOS DE DELICADEZA, DE PEQUENAS GENTILEZAS, DE AMOR FRATERNO, DE UMA VIDA DE MAIS CUIDADO, DE MAIS ATENÇÃO, DE SABER QUE PESSOA TEM A DOENÇA E NÃO O CONTRÁRIO.

VAMOS SIM PRESERVAR O SER HUMANO, ESSE SIM PRECISA DE CUIDADOS...DE MUITO CUIDADO E ENTÃO CANTAREMOS ENFIM COMO A CANÇÃO: "IRÁ CHEGAR UM NOVO DIA, UM NOVO CÉU, UMA NOVA TERRA, UM NOVO MAR E NESSE DIA OS OPRIMIDOS NUMA SÓ VOZ A LIBERDADE IRÃO CANTAR."




Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre a autora
Andréia Lima é licenciada em ciências da religião, especialista em estudos religiosos e participa da Escola Bíblica Samaritana.